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Instrumentos Musicais

Cada instrumento, por meio de seu som distinto, ou seja, por meio de seu timbre, tem o poder de acrescentar corpo, cor e evocar sentimentos e sensações específicos à trilha sonora.


Os instrumentos musicais foram concebidos pelo ser humano para criar sua música, para organizar ou desorganizar os sons. Inicialmente, foram desenvolvidos para reproduzir os sons da natureza e, posteriormente, para gerar outros sons e timbres que eventualmente se tornariam sua própria identidade sonora.


O primeiro instrumento foi a voz humana, que emitia sinais e, posteriormente, desenvolveu códigos e decodificações; foi o grito, o sussurro e o suspiro desse mundo distante. Por exemplo, não é difícil imaginar um osso de algum animal, morto e esquecido em algum lugar remoto e também em um tempo geológico distante. Quando o vento passa pelo orifício, produz um som peculiar, com características próprias de timbre e extensão. Da mesma forma, não é difícil imaginar um primata que descobre esse osso, transformando-o primeiro em uma arma e depois, um hominídeo que faz furos nele, utilizando-o como uma espécie de caixa de ressonância.


As comunidades e sociedades mais antigas são, sem dúvida, as criadoras dos instrumentos musicais que conhecemos e que, ao longo do tempo, transformamos. Utilizamos diferentes tecnologias em diversos períodos históricos, aplicamos esse conhecimento e modificamos a forma como o som é produzido.




Sistema

Função

Fonte

Mecanismo de excitação

Suprimento de energia.


Elemento vibrante

Determinação das características fundamentais do som.


Ressonador

Amplificação, conversão em oscilações de pressão de ar (ondas sonoras); determinações das características finais do som.

Meio

Meio

Propagação do som


Fronteira

Reflexão, absorção e reverberação.

Receptor

Tímpano

Conversão em oscilações mecâncias.


Ouvido interno

Separação primária de frequências; conversão em impulsos nervosos.


Sistema nervoso

Processamento, identificação, armazenamento e transferência para outras partes do cérebro

O timbre dos instrumentos musicais (ou do ambiente onde se vive) é importante para vários aspectos da musicalidade e das funções a que ela se presta. Para isso, a física observa que fatores, ou sistemas físicos intervenientes, devem ser considerados, cada um com sua especificidade e com sua formação, distribuição e recepção sonora.

A tabela apresentada pode ser tão ilustrativa quanto explicativa, uma vez que exemplifica a complexidade dos timbres dos instrumentos musicais e os resultados da escuta que nos fazem associar à nossa cosmologia.


Fonte, meio e receptor são, nessa proposta, as origens de toda emissão, como formas físicas e metafísicas da compreensão das sonoridades. Para o som existir, a fonte necessita dos mecanismos de excitação, que são os elementos utilizados para produzi-lo.


As mãos podem ser um desses mecanismos: dedilham as cordas, movimentam o arco e percutem; pode ser também o sistema respiratório, que desloca a coluna de ar para a produção em instrumentos de sopro, e aqui também entra a voz. A fonte também necessita de um elemento vibrante, que será determinante no timbre do instrumento.


É nessa observação física que a organologia se sustenta para propor suas divisões de timbres e instrumentos. Membranas, ar, cordas e materiais sólidos seriam, portanto, os elementos vibrantes. Nos instrumentos eletrônicos, ou eletrofones, como a organologia propõe, o elemento vibrante seria outro: o oscilador ou uma invenção derivada dele.


O ressonador é o corpo do instrumento ou a caixa de amplificação. Imagina-se o corpo do violão ou do violino; a caixa de um tambor, o tubo de uma flauta ou de um oboé. Em termos mais gerais e de imediata classificação e identificação, os instrumentos podem ser divididos em cinco categorias, conforme a tabela Classificação dos instrumentos.


Classificação

Exemplos

Idiofones de altura indefinida (instrumentos de percussão e fricção em materiais sólidos que tocam quaisquer notas musicais e não podem ser afinados).

Triângulos, gongo, tantã, pratos, castanholas, woodblock, maracas, guizo, chicote, máquina de vento, máquina de trovoada.

Idiofones de altura definida (instrumentos de e tocam notas musicais e podem ser afinados).

Xilofone, vibrafone, sinos, glokenspiel, celesta, harmônica de vidro, copofones, violino de prego, sanza, berimbau e chocalhos.

Cordofones (instrumentos de cordas dedilhadas, percutidas ou friccionadas).

Violino, viola, violoncelo, contrabaixo, alaúde, violão, bandolim, cavaquinho, teobra, guitarra, harpa, saltério, dulcimer, vihuela, balalaika, banjo, sitar, viola de gamba, viola d'amore, viola bastarda, harpa, tromba marina, cravo, cravicórdio, espineta, virginal e piano.

Aerofones (instrumentos de ar ou sopro, cujos sons podem ser produzidos pelos pulmões ou foles).

Flauta, flautim, oboé, didjeridoo, shakuhashi, clarineta, oboé, oboé d'amore, requinta, clarone, flauta de pã, ocarina, saxofone, fagote, charamela, cromorne, gaita de boca, acordeon, trompa, trompete, trombone, tuba, órgão, serpentão, bombardino e corneto.

Eletrofones (instrumentos cuja produção de som vem de uma corrente elétrica).

Theremin, ondas martenot, trautonium, moogs, minimoogs, teclados, sintetizadores, samplers, guitarras e baixos.



Vale lembrar que a complexidade dos timbres ainda se estende para outros elementos da acústica e da física.

O meio e a fronteira são imprescindíveis para a determinação das características fundamentais do som. Propagação, reflexão, absorção e reverberação do som influenciam e podem até modificar a fonte original, reforçar ou alterar o timbre do instrumento.


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Guga Gonçalves, foto.jpg

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